Carros cada vez mais caros: entenda os motivos

Devido ao grande impacto sofrido pela indústria automotiva desde o inicio da pandemia, os preços de carros novos e usados não param de subir. Um estudo realizado pela consultoria Carcon Automotive, entre maio de 2020 e maio de 2021, estima que ocorreu um reajuste médio de 22% no preço de veículos no Brasil.

Você sabe o que está causando esse absurdo aumento nos preços? Para te ajudar separamos os principais pontos para explicar por que está ainda mais difícil comprar um carro atualmente no Brasil.

Falta de matéria prima

A falta de componentes foi um dos grandes responsáveis por frear a indústria automotiva desde o inicio da pandemia de COVID-19. Diversas montadoras se viram obrigadas a fechar fábricas e paralisar suas operações, prejudicando toda a cadeia de produção e gerando uma demanda inflacionada diante da baixa oferta de veículos novos.

A indústria automotiva vem sofrendo fortemente com a falta de semicondutores para desenvolvimento da parte elétrica dos veículos. A crescente demanda por esse componente para as mais diversas áreas relacionadas à computação gerou um desequilíbrio no mercado, tornando as empresas produtoras de semicondutores incapazes de lidar com toda a necessidade do mercado mundial.

Chevrolet, Volkswagen, Fiat e Honda foram alguns dos exemplos de montadoras que foram obrigadas a paralisar suas produções devido à falta de semicondutores. A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores estima que 5% de todo o volume de produção mundial de veículos está sendo prejudicado devido à falta desse componente.

Alta do dólar

Outro responsável direto pelo aumento no preço de veículos no Brasil é o câmbio. A alta valorização do dólar frente ao real gera um alto custo de produção em território nacional. De acordo com Luca Cacifi, CEO da InstaCarro, Ford e Audi podem não ser as únicas montadoras a anunciarem encerramento das atividades no Brasil devido as dificuldades encontradas.

O aumento do dólar de mais de 20% entre maio de 2020 e o mesmo período de 2021 não afeta somente modelos importados. Diversos componentes utilizados na produção de veículos em solo brasileiro são produzidos em outros países, sendo fortemente impactados pelo enfraquecimento da moeda nacional.

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Carga tributária

Não é novidade que a alta carga de impostos é um fator histórico para o elevado custo de veículos no Brasil. No caso de automóveis, em média, 40% do valor é referente somente ao pagamento de impostos.

Entretanto, os impostos não param de crescer e impactar diretamente no aumento do preço de veículos em alguns estados. Em São Paulo, por exemplo, o governo reajustou o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) pela segunda vez apenas em 2021. O aumento da carga tributária é sentido imediatamente, uma vez que a alíquota para carros zero no ano passado era de 12% e em 2021 já chega a 14,5%.

Seminovos e usados em alta

O sonho de comprar um carro zero-quilômetro no Brasil está cada vez mais difícil de ser realizado. Veículos populares que anteriormente eram a opção mais procurada, hoje são encontrados por cerca de 50 mil reais. Devido aos preços exorbitantes de carros novos e baixo volume de produção, o mercado de carros seminovos e usados ganhou grande força no decorrer do ano.

De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotor, em 2021 já foram vendidos mais de 7,59 milhões de automóveis, número 48,8% superior ao observado em 2020.

Entretanto, o grande aumento da demanda também influencia diretamente no preço praticado no ato da venda. Atualmente é comum que diversos modelos sejam comercializados até 20% acima da tabela FIPE.

Quando vai melhorar?

A tendência é que o cenário permaneça dessa forma até que a produção de novos veículos esteja normalizada e as consequências da crise do coronavirús superadas. De acordo com Edmar Lopes, CFO da Movida, os preços de automóveis no Brasil não devem voltar à normalidade ainda em 2022, apesar da expectativa que haja alguma melhora. 

Até lá, mesmo que com preços superiores aos já praticados um dia, os veículos usados e seminovos surgem como a melhor opção para quem não quer ou não pode esperar.

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